Cinquenta Tons de Cinza e Três Tons de Análise
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Por: Patrick Duarte
O que eu vi do filme.
Há poucos dias estreou nos cinemas brasileiros o filme Fifty Shades of Grey (Cinquenta Tons de Cinza) que é nada mais do que uma adaptação do romance erótico bestseller da autora inglesa Erika Leonard James (E.L. Leonard), publicado em 2011. O livro faz parte de um trilogia composta pelas seguintes sequências: Fifty Shades Darker (Cinquenta Tons Mais Escuros) e Fifty Shades Freed (Cinquenta Tons de Liberdade).
Eu me lembro quando houve a explosão no lançamento do livro e várias pessoas, em sua grande maioria mulheres, comprando ou pegando emprestado o livro para leitura. Me lembro de várias pessoas recomendando o livro, dizendo que o protagonista do livro era o que todas queriam, e devido a isso vários portais e blogs falavam sobre o livro e sua história. Na trama, Christian Grey (Jamie Dornan) é o milionário sadomasoquista que seduz Anastasia Steele (Dakota Johnson).
No filme, entre vários flertes e presentes, a relação dos dois cresce conforme se envolvem. Enquanto ela busca um romântico, ele – Grey – busca uma pessoa a qual ele possa dominar. Depois de certo período e um “contrato de prestação de serviço”, Anastasia cede e resolve conhecer o quarto vermelho. E dentro desse quarto ela conhece o misterioso lado de Christian.
E esse lado “misterioso” é que ele é adepto do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).
A grande sacada da autora, foi conseguir conquistar os leitores com um misto de historia de romance e selvageria. E essa visão, diferente do que a grande maioria deve viver no dia a dia, aflora pensamentos e a curiosidade de viver aquilo, mesmo que seja só na imaginação. Sei que existem os praticantes, mas acredito que a grande maioria não iria curtir algumas coisas, incluindo nisso a disciplina ou de forma mais objetiva, “castigo”. O sucesso da leitura com certeza foi o a propaganda que os leitores faziam. O boca a boca foi essencial.
Na versão cinematográfica não foi diferente, logo na primeira semana de estreia, o filme levou 500 mil espectadores, distribuídos em 1.090 salas de cinemas. Mas nem sempre quantidade representa qualidade.
Cinquenta Tons de Cinza, é um filme que tenta levar uma temática diferente, mas acaba sendo apenas mais um filme de romance com cenas de sexo. Imagine uma novela da Globo! O filme tem um roteiro ruim, mas não posso dizer se isso vem do livro, ou se a adaptação causou isso. A direção, apesar de ter o nome de Sam Taylor-Johnson, deixa a desejar durante todo o filme, o que se salva, e bem por pouco mesmo, é a direção de fotografia. A classificação etária de 16 anos que faz com que as cenas tenham um teor mais leve também ajuda na distribuição do filme.
Cinquenta Tons de Cinza e uma visão que não entendo
Vivemos em um mundo gigante, onde vivem bilhões de pessoas e sabemos que existe os que praticam o sadismo, mas o por quê tantos acabaram se envolvendo com o livro/filme?
Diferente do que foi falado, o filme não é tão pesado e nem vai fazer com que os jovens corram para experimentar o que viram no filme. O filme não incentiva isso! Mas o que o filme mostra é um homem dominado pelo seu desejo, incapaz de controlá-lo, necessitando sempre de alguém que seja dominado e que viva para ele. Em contra parte, também mostra uma menina dócil e ingênua que entra no mundo dele quase que sem querer, mas encantada com o que ele tem e pode oferecer. São praticamente dois lados de uma moeda, o lado agressivo x o lado gentil. O que temos aqui não é nada além do que a televisão já faz: mostrar algo que aparentemente não é tão comum, como se fosse a coisa mais romântica e normal do mundo. Eu realmente não consigo entender como alguém poderia ficar excitado provocando dores em outra pessoal, a controlando como um objeto qualquer, que é exatamente isso que a protagonista se torna ao entrar no “quarto vermelho”.
Não conheço a pratica, mas o que podemos dizer, ao ver o filme, é que o desejo dele – Grey – o controla, tornando isso um ato não muito saudável, nem para ele e nem para a submissa.
Nota: Se você leitor, é adepto da pratica ou conhece o assunto, deixe nos comentários sua opinião para que todos possamos conhecer e entender melhor!
Tons de Cinza x Tons da Igreja
Nota: Antes de tudo, aos que não conhecem o trabalho do Blog quero deixar claro que sou Cristão, mas especificamente Evangélico da Assembleia de Deus, mas foco meu trabalho para ambos os públicos, pois acredito na ferramenta que esse Blog representa e na possibilidade de alcançar alguém para Cristo por aqui. E por isso senti que deveria falar sobre uma questão que me incomodou um pouco.
Do outro lado temos pessoas fazendo campanhas contra o filme. Essa foi a maior campanha de publicidade para o filme, e fizeram de graça. Me desculpem aos que fizeram parte disso de alguma maneira, mas vocês realmente acreditam que isso vai mudar algo? Acredito muito mais no ensinamento aos jovens, na formação de valores éticos cristão, do que manifestações aos berros na rua. Acredito que a maior formação, para evitar com que esse tipo de deturpação da relação entre o homem e a mulher instituída por Deus, deve ser feito pela igreja. Ensinar, através de estudos, palestras e até mesmo conversas informais, serão muito mais efetivas do que dizer que quem for ver será possuído por demônios. Não é criticar os que são contra esse tipo de produção, mas realmente não entendo essa visão. Estamos esquecendo “do ensinar” e só queremos atacar. Nossa missão é pregar, mas isso é feito com amor e respeitando as pessoas. Elas conhecendo a palavra, aí sim poderemos cobrar mais atitudes de cristãos. Como exigir que alguém se comporte como médico, se ele estudou administração? Como cobrar alguém sobre o evangelho se ele conhece somente a Televisão? Precisamos aceitar as pessoas como são, para que o Espirito Santo faça a transformação necessária. Pouco se faz hoje em dia para ensinar o que é o casamento e a relação sexual. Pouco se fala do que Deus planejou e institui para nós e como devemos seguir com isso. Hoje o casamento não está tendo a importância que deveria ter na formação do jovens e adolescentes cristãos e não cristãos.