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O poder do Desenho infantil na Educação das crianças

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Por: Patrick Duarte

Qual é o limite entre o lúdico e a realidade? Até que ponto eles podem andar lado a lado sem que nenhum possa interferir no outro? Para nós, adultos, isso pode ser bem fácil de controlar, mas para as nossas crianças, o lúdico faz parte em tempo- quase- integral de sua formação.

É comum que o primeiro contato das crianças sejam com lápis e papel, no qual fazem rabiscos e desenhos que representam aquele momento pra ela. Para alguns pais, isso pode parecer apenas uma forma que a criança encontra de se comunicar, mas isso vai muito além. A coordenação, raciocínio, visão, construção de pensamentos são trabalhados nesse tipo de arte, que vão sendo desenvolvidos a cada etapa de crescimento. Segundo Piaget (1986-1980) a construção do pensamento (Faça a Leitura aqui e Aqui) passa por alguns estágios, no qual temos a Assimilação e Acomodação, no qual a criança começa a assimilar objetos, formas e seus respectivos nomes. Ainda nessa linha de estudo, Piaget divide o desenvolvimento de uma criança em quatro estágios que são:

Sensório-motor (0 – 2 anos);
Pré-operatório ( 2 – 7/8 anos);
Operatório-concreto ( 8 – 11 anos);
Operatório-formal (8 – 14 anos);

educação_infantil

Vamos falar, resumidamente, de cada etapa, afim de criar um ambiente de leitura mais confortável e de melhor entendimento, mas em todo caso, recomendo uma leitura mais aprofundada do texto no link citado acima.

SENSÓRIO-MOTOR

Em sua fase inicial, o bebê começa a construir esquemas de ação, através de reflexos neurológicos básicos, assimilando o meio a sua volta. Toda a noção de tempo e espaço são concebidas e entendidas através da ação, ou seja, do fato da condição que lhe é imposta. Mamar, pegar ou ver.

PRÉ-OPERATÓRIO (ou Inteligência Simbólica)

Nesse estágio, a criança, basicamente, interioriza os esquemas de ação que foram concebidos no estágio anterior.

A criança deste estágio:

  • É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro.
  • Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos “por quês”).
  • Já pode agir por simulação, “como se”.
  • Possui percepção global sem discriminar detalhes.
  • Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

OPERATÓRIO-CONCRETO

A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade; já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade).

OPERATÓRIO-FORMAL

A limitação de entendimento do meio que vive aumenta e não considera mais a representação imediata das coisas, mas agora é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente, e assim, buscar a solução que lhe pareça mais sensata. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico à todas as classes de problemas.

Sabendo-se disso, como influenciar uma boa e construtiva educação para nossas crianças a partir dos desenhos animados?

Hoje em dia temos uma infinidade de produções e desenhos que são voltados para o público infantil. Alguns desenhos recebem certa censura, como por exemplo Pica-Pau e Tom & Jerry. Na contrapartida temos desenhos que são pensados justamente em crianças pequenas, com alto valor construtivo. Temos alguns desenhos que utilizam da repetição e da interação para fazer com que as crianças aprendam e possam distinguir nomes e formas, método comumente usado em “Dora Aventureira“. Outro desenho que consegue trazer uma boa lição a cada episodio, utilizando traços simples, e uma ótima música como base, é a web-série Guigo, que eu, particularmente, gosto muito. Sabendo da capacidade que cada fase proporciona para o desenvolvimento das crianças, podemos filtrar o que se encaixa melhor para cada situação e assim, auxiliar no desenvolvimento sem atropelar ou confundi-las. Imaginem passar um anime como Dragon Ball Z para uma criança de 2 anos. A situação pode confundi-la e fazer com que ache normal explosões de poder e humanos voando, e na pior das hipóteses, fazer com que ela ache que também pode voar. Apesar de que, os desenhos citados acima [Dora e Guigo] também mostrarem cenário “surreais”, a linguagem é apropriada para a idade proposta.

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Por estar aprendendo a viver, experimentando coisas novas todos os dias, os desenhos possuem o poder de impactar e influenciar. Formas geométricas, música, pintura, tudo isso pode ser passado através do desenho e reforçadas pelos pais, que ajudam, corrigem e se propõem, com paciência, à explicar cada nova etapa. Percebemos aqui que o desenho, por si só, é somente uma ferramente que deve ser utilizada de forma sadia e moderada e a cada etapa ser analisado a necessidade do mesmo.

A associação do desenho com acompanhamento e atividades relacionadas, pode trazer uma grande possibilidade de que, a criança, desenvolva sua capacidade de interagir, analisar, processar e gesticular com mais facilidade. O interesse da criança também deve ser observado, e trabalhado para que ela se desenvolva, seja na arte, música, ou até mesmo atuação.

É normal, nos dias de hoje, que a criança, desde muito cedo, tenho contato direto com a tecnologia, seja por Smartphone ou computador, e a forma de processar dados que recebe aumenta consideravelmente. Se observarmos as crianças de hoje, podemos perceber como elas estão inteligentes. Mas essas mesmas crianças, precisam de acompanhamento intenso e diário dos pais. Quantos adolescentes você conhece, que hoje mal sabem formular uma frase, ou se tornaram aquela geração do “se está na internet é verdade”. Não leem, não pesquisam e pior de tudo, se acham donos da verdade, com um conhecimento adquirido pelo Facebook.

Sentir, criar, experimentar, analisar são alguns dos fatores que a criança desenvolverá ao assistir desenhos e ao desenhar. De forma simples e objetiva é possível classificar e diversificar a educação com ferramentas apropriadas para cada fase de aprendizado, aprimorando, além da capacidade motora, a capacidade do individuo se relacionar consigo mesmo e com os outros.

Patrick Duarte, CEO do Blog Pensamento Livre. Jornalista (MTB 0082370/SP). Adorador e escritor. Músico e Professor na Escola Bíblica Dominical (AD - Taboão). Piadista nas horas vagas. Acima de tudo, Servo do Deus!!! Patrick Duarte Silva

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