Crítica | A Cidade onde Envelheço – Filme Nacional
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Estranheza. Essa foi a primeira palavra que me veio a cabeça quando sai da sessão de A Cidade onde Envelheço, mas nem sempre a primeira impressão é a que fica. O filme, que estreia hoje (acompanhe a programação no site da Sessão Vitrine Petrobras) da diretora Marília Rocha conta a história de Francisca (Francisca Manuel), portuguesa que mora no Brasil a algum tempo. Logo ela recebe a visita de sua amiga de infância Teresa (Elizabete Francisca), que está de passagem pela cidade de Belo Horizonte.
Na trama, podemos observar duas pontas distintas de uma mesma corda. Enquanto Francisca tenta se reconectar as suas raízes, sua amiga Teresa quer descobrir o mundo ao seu redor. O roteiro de João Dumans, Thais Fujinaga e Marília Rocha foca em mostrar o dia a dia de cada uma delas e suas relações pessoais, formando a personalidade de cada e suas particularidades, ponto que fortalecem a dinâmica do filme. Grande parte do enquadramento do filme é em “Close Up“, deixando os cenário praticamente exclusos das cenas, mas isso nos aproxima mais das personagens principais e nos fazem ver cada gesto de forma única e particular.
Com um aspecto que lembra muito um documentário, a narrativa do filme é lenta, mas segue uma forma bem linear para situar os fatos e histórias. Pouco vemos dos personagens que interagem em cada ciclo social das amigas, mas o pouco que vemos pode tirar boas risadas. Um dos pontos fortes do filme é a natureza dos diálogos, deixando mais próximo, para o telespectador, o choque de realidade de um imigrante em nosso país. Essa natureza, simplicidade e linearidade do roteiro é o que torna o filme interessante.
Como disse no começo, a primeira sensação que tive ao sair da sessão foi de estranheza, mas ao refletir e pensar sobre o que eu havia absorvido, podemos adentrar na realidade cinematográfica daquele conto e apreciar, com mais proximidade, a história de Francisca e Teresa como um observador anônimo.
A Cidade onde Envelheço se torna uma boa pedida e mesmo não entrando no circuito nacional de cinema, sua inclusão nos cinemas independentes tornam esse nicho muito mais forte e consistente.